quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Classicismo – Principais Autores


FRANCISCO DE SÁ DE MIRANDA (1495-1558)
Introduziu em Portugal novos conceitos da arte renascentista e uma nova forma poética, (medida nova) o soneto.


A volta do poeta da Itália, em 1526, é considerada o momento inicial do Classicismo em Portugal. A importância de sua viagem é muito grande, porque na Itália que Sá de Miranda, educado com um mentalidade medieval, entra em contato com a visão humanista e com as inovações literárias do período, principalmente a partir da  obra de Petrarca. Tanto sua formação medieval quanto as novas idéias renascentistas tiveram expressão em sua obra.

                                                          Bernardim Ribeiro
 (Torrão1482? — 1552?) foi um escritor e poeta português renascentista
 A sua principal obra é a novela Saudades, mais conhecida porém como Menina e Moça (da primeira frase da novela, que se tornou um tópico da literatura portuguesa:Menina e moça me levaram de casa de minha mãe para muito longe…).
Teria frequentado a corte de Lisboa, colaborou no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, que assim como Bernardim pertenceu à roda dos poetas palacianos juntamente com Sá de MirandaGil Vicente e outros.
Foi o introdutor do bucolismo em Portugal.


                                                    Antônio Ferreira ( 1528 – 1569 ) 

Lisboa1528 - 29 de novembro de 1569) foi um escritor e humanista português.
É considerado um dos maiores poetas do classicismo renascentista de língua portuguesa, conhecido como "o Horácio português".

                                                            

Como discípulo mais destacado do poeta Sá de Miranda, destacou-se na elegia, na epístola, nas odes e no teatro.
A sua obra mais conhecida é uma tragédia, "A Castro" ou "Tragédia de Inês de Castro", de inspiração clássica em cinco atos, na qual aparece um coro grego, tendo sido escrita em verso polimétrico. O tema, os amores do príncipe D. Pedro de Portugal pela nobre Inês de Castro e o assassinato desta em 1355 por razão de estado, por ordem do pai do príncipe, o rei Afonso IV de Portugal, será depois um dos mais tratados pelos dramaturgos europeus. Esta tragédia só foi impressa em 1587.

LUÍS VAZ DE CAMÕES (1525?-1580)
Escritor mais representativo do Classicismo português; escreveu poesia lírica e épica, além de peças teatrais.
Luís Vaz de Camões é considerado um dos maiores poetas da língua portuguesa. Em sua vasta obra, imortalizou as glórias de seu povo, registrou de modo sublime os sofrimentos amorosos, indagou sobre as inconstâncias e incertezas da vida.
Usou com maestria, os metros característicos da medida velha e medida nova.
A visão que os clássicos tinham do amor fundamentava-se, basicamente, em três aspectos: o racionalismo, a idealização e o espiritualismo.
O mundo representado por Camões é dinâmico. Assim, ser humano e natureza estão sujeitos a constantes modificações. Porém, enquanto as mudanças da natureza seguem um ritmo, as sofridas pelas pessoas não seguem uma “lei” natural, o que pode trazer tristeza e sofrimento.


Isadora Araújo



Os Principais Trovadores

Principais Autores (Trovadores)


Os mais conhecidos trovadores foram: João Soares de Paiva, Paio Soares de Taveirós, o rei D. Dinis, João Garcia de Guilhade, Afonso Sanches, João Zorro, Aires Nunes, Nuno Fernandes Torneol.
Mas aqui serão citados apenas alguns.
Paio Soares Taveirós
Paio Soares Taveiroos (ou Taveirós) era um trovador da primeira metade do século XIII. De origem nobre, é o autor da Cantiga de Amor A Ribeirinha, considerada a primeira obra em língua galaico-portuguesa.
D. Dinis
Dom Dinis, o Trovador, foi um rei importante para Portugal, sua lírica foi de 139 cantigas, a maioria de amor, apresentando alto domínio técnico e lirismo, tendo renovado a cultura numa época em que ela estava em decadência em terras ibéricas.
D. Afonso X
D. Afonso X, o Sábio, foi rei de Leão e Castela. É considerado o grande renovador da cultura peninsular na segunda metade do século XIII. Acolheu na sua corte e trovadores, tendo ele próprio escrito um grande número de composições em galaico-português que ficaram conhecidas como Cantigas de Santa Maria. Promoveu, além da poesia, a historiografia, a astronomia e o direito, tendo elaborado a General .
Gomes Eanes de Zurara, filho de João Eanes de Zurara. Teve a seu cargo a guarda da livraria real, obtendo em 1454 o cargo de “cronista-mor” da Torre do Tombo, sucedendo assim a Historiaa Crônica de EspañaLibro de los JuegosLas Siete PartidasFuero RealLibros del Saber de Astronomia, entre outras.
D. Duarte
D. Duarte foi o décimo primeiro rei de Portugal e o segundo da segunda dinastia. D. Duarte foi um rei dado às letras, tendo feito a tradução de autores latinos e italianos e organizando uma importante biblioteca particular. Ele próprio nas suas obras mostra conhecimento dos autores latinos.
Obras: Livro dos ConselhosLeal ConselheiroLivro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda a Sela.
Fernão Lopes
Fernão Lopes é considerado o maior historiógrafo de língua portuguesa, aliando a investigação à preocupação pela busca da verdade. D. Duarte concedeu-lhe uma tença anual para ele se dedicar à investigação da história do reino, devendo redigir uma Crônica Geral do Reino de Portugal. Correu a província a buscar informações, informações estas que depois lhe serviram para escrever as várias crônicas (Crônica de D. Pedro ICrônica de D. FernandoCrônica de D. João ICrônica de Cinco Reis de Portugal e Crônicas dos Sete Primeiros Reis de Portugal). Foi “guardador das escrituras” da Torre do Tombo.
Frei João Álvares
Frei João Álvares a pedido do Infante D. Henrique, escreveu a Crônica do Infante Santo D. Fernando. Nomeado abade do mosteiro de Paço de Sousa, dedicou-se à tradução de algumas obras pias:Regra de São Bento, os Sermões aos Irmãos do Ermo atribuídos a Santo Agostinho e o livro I da Imitação de Cristo.
Gomes Eanes de Zurara
Gomes Eanes de Zurara, filho de João Eanes de Zurara. Teve a seu cargo a guarda da livraria real, obtendo em 1454 o cargo de “cronista-mor” da Torre do Tombo, sucedendo assim a Fernão Lopes. Das crônicas que escreveu destacam-se: Crônica da Tomada de CeutaCrônica do Conde D. Pedro de MenesesCrônica do Conde D. Duarte de Meneses e Crônica do Descobrimento e Conquista de Guiné.

Isabela Araújo

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

O Classicismo

Classicismo

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O Classicismo foi um movimento literário que teve início no ano de 1527 em Portugal. A data representa o regresso do poeta Sá de Miranda da Itália quando ele trouxe uma série de inovações literárias ao país de língua portuguesa. Seu fim data o ano de 1580 com a morte do poeta Camões.
Nesse período todas as ideologias que começaram a despontar no Humanismo já estavam firmes e os hábitos da população já estava bem diferentes do que na Idade Média. O Feudalismo dava lugar ao Mercantilismo e ao invés dos títulos de nobreza o esforço pessoal e a criatividade passavam a ser valorizados.
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 Houve um abandono do teocentrismo que deu lugar ao antropocentrismo. O Renascimento caracterizou um desejo de renovação cultural e filosófica que se baseava nos princípios da Antiguidade.
Com o desenvolvimento do comércio fez com que o homem passasse a buscar a felicidade nos prazeres da vida sem se preocupar com uma vida após a morte. A boa fase tornou o homem mais interessado em viver o presente.
Houve um predomínio da razão, uma valorização do conhecimento e do equilíbrio de ideias. O povo se tornou nacionalista e os burgueses enriqueceram. Os principais autores foram Francisco Sá de Miranda e Luís Vaz de Camões.
          Francisco  de Miranda:
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Francisco Sá de Miranda
Foi quem instroduziu os conceitos renascentistas e o soneto a Portugal. Antes os poemas eram formados por redondilhas menores (5 sílabas poéticas) e redondilhas maiores (7 sílabas poéticas), mas com a introdução do soneto passaram a ser versos decassílabos.
Tudo isso foi possível porque na Itália Sá de Miranda entrou em contato com o humanismo e pode através dele mudar a visão medieval que tinha e levar o Classicismo à Portugal.
          Luís Vaz de Camões

    

É o escritor mais conhecido do Classicismo. Escrevia poesia lírica, épica e peças teatrais e é considerado um dos maiores poetas da língua portuguesa. Camões gostava de relatar as glórias do povo português como podemos em sua mais famosa obra, "Os Lusíadas".
"Os Lusíadas" é uma poesia épica com 1.102 estrofes organizadas em oitava rima (ABABABCC) e 8.816 versos, todos decassílabos. A epopeia tinha o intuito de engrandecer o povo português e suas grandes navegações por mares "nunca antes navegados".
Escrevia também sobre o amor e as dúvidas da vida. Seus sonetos eram sempre muito bem escritos e até hoje encantam a todos.
Confira um vídeo com imagens que remetem a epopeia "Os Lusíadas":


Vinicius Alcantara

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Literatura Portuguesa Na Idade Média



A Corte de D. Dinis, o Rei-Trovador
As primeiras manifestações históricas da literatura portuguesa (entende-se literatura como a arte ou ofício de escrever de forma artística e não deve ser confundida com registos e textos de natureza documental ou notarial) verificáveis provêm de composições poéticas datadas do séculos XII. Ainda que seja provável a existência de formas poéticas anteriores, os primeiros documentos de caracter literário conservados pertencem precisamente à lírica galego-portuguesa, desenvolvida entre os séculos XII e XIV. Esta lírica era formada por canções ou cantigas breves, difundidas por trovadores (poetas) e segréis (instrumentistas) e desenvolveu-se primeiro na Galiza e no Norte de Portugal. Do registo lírico sucedeu-se a prosa medieval.

Trovadorismo

Os trovadores eram aqueles que compunham as poesias e as melodias que as acompanhavam. A designação “trovador” aplicava-se aos autores de origem nobre, sendo que os autores de origem plebeia tinham o nome de jogral, termo que designava igualmente o seu estatuto de profissional (em contraste com o trovador). Ainda que seja coerente a afirmação de que quem tocava e cantava as poesias eram os jograis, é muito possível que a maioria dos trovadores interpretasse igualmente as suas próprias composições.

Trovador e Jogral do reinado de D. Afonso IV
É através dos trovadores que se inicia o movimento literário da língua portuguesa. As suas cantigas, primeiramente destinadas ao canto, foram depois manuscritas em cadernos de apontamentos, que mais tarde foram postas em coletâneas de canções chamadas Cancioneiros (livros que reuniam grande número de trovas).
A mais antiga manifestação literária galaico-portuguesa que se pode datar por conter dados históricos precisos é a cantiga “Ora faz host’o senhor de Navarra“, do trovador português João Soares de Paiva ou João Soares de Pávia, composta no ano 1200 no entanto existem outros textos comprovadoramente mais antigos embora não suscetíveis de ser datados, como o “Cantiga de Guarvaia“, composta por Paio Soares de Taveirós, cuja data de composição é impossível de apurar com exatidão, mas que, tendo em conta os dados biográficos do seu autor, é certamente bastante anterior.
Os mais conhecidos primeiros textos do trovadorismo português estão reunidas em três coletâneas: o Cancioneiro da Ajuda, o Cancioneiro da Vaticana e o Cancioneiro da Biblioteca Nacional (também conhecido como Colocci-Brancutti).

Cancioneiro da Biblioteca Nacional                    Cancioneiro da Ajuda                                                   Cancioneiro da Vaticana
Com base na maioria das cantigas reunidas nos cancioneiros, podemos classificá-las da seguinte forma:
Cantigas Lírico-Amorosas: Cantigas de Amor e Cantigas de Amigo
Cantigas Satíricas: Cantigas de Escárnio e Cantigas de Maldizer
A Cantiga de Amor
Nas cantigas de amor o homem refere-se à sua amada como sendo uma figura idealizada, distante. O poeta fica na posição de fiel vassalo, fica ás ordens da sua senhora, dama da corte, onde esse amor é considerado como um objeto de sonho, ou seja, impossível, que está longe.
Na cantiga de amor, o trovador, fazendo eco de um ideal de amor cortês, exprime o seu amor não correspondido por uma dama a quem o amante deve um serviço de amor consubstanciado em atitudes de louvor, fidelidade, abnegação. O trovador refere-se à sua amada como sendo uma figura idealizada, distante enquanto que ele fica na posição de fiel vassalo, às ordens da sua senhora, suspenso na expectativa de satisfação de um desejo nunca consumado.
Exemplo de Cantiga de Amor:
“Senhora minha, desde que vos vi,
lutei para ocultar esta paixão
que me tomou inteiro o coração;
mas não o posso mais e decidi
que saibam todos o meu grande amor,
a tristeza que tenho, a imensa dor
que sofro desde o dia em que vos vi.”
São tipos de Cantiga de Amor: a Cantiga de Meestria: é o tipo mais difícil de cantiga de amor. Não apresenta refrão, nem estribilho, nem repetições (diz respeito à forma.) ; Cantiga de Tense ou Tensão: diálogo entre cavaleiros em tom de desafio sobre um conflito em torno de mesma mulher; Cantiga de Pastorela: trata do amor entre pastores (plebeus) ou de um trovador enamorado por uma pastora (plebéia); Cantiga de Plang: cantiga de amor repleta de lamentos.
A Cantiga de Amigo
Constituem a variedade mais importante e original da nossa produção lírica da Idade Média.
Nela, o eu-lírico é uma mulher (mas o compositor e cantor era masculino), que canta o seu amor pelo “amigo” (por “amigo”, entende-se amado ou namorado pois na altura o termo “amigos” entre um homem e uma mulher compreendia um vínculo amoroso), muitas vezes em ambiente natural, e muitas vezes também em diálogo com a sua mãe ou as suas amigas.
A figura feminina que as cantigas de amigo desenham é, pois, a da jovem que se inicia no universo do amor, por vezes lamentando a ausência do amado, por vezes cantando a sua alegria pelo próximo encontro. Muitas vezes tal cantiga também revelava a tristeza da mulher, pela ida de seu amado à guerra.

Fragmento das trovas de D. Dinis
Exemplo de Cantiga de Amigo ( Composto pelo rei D. Dinis):
“Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo!
ai Deus, e u é?(onde está ele?)
(…)
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi há jurado!
ai Deus, e u é?”
Cantigas de Escárnio
Nas cantigas de escárnio, o troavador faz uma sátira a alguma pessoa. Essa sátira era indireta, cheia de duplos sentidos. As cantigas de escárnio definem-se, pois, como sendo aquelas feitas pelos trovadores para dizer mal de alguém, por meio de ambiguidades, trocadilhos e jogos semânticos.

Ilustração do Cancioneiro da Ajuda
Exemplo de Cantiga de Escárnio:
Rui queimado morreu con amor
Em seus cantares por Sancta Maria
ua(uma) dona que ele gran bem queria
e por se meter por mais trovador
porque lhela (ela) non o quis benfazer (corresponder ao amor)
fez-se ele en seus cantares morrer
mas ressurgiu depois ao tercer (terceiro) dia!..
A Cantiga de Maldizer
Ao contrário da cantiga de escárnio, a cantiga de maldizer traz uma sátira direta e sem duplos sentidos. É comum a agressão verbal à pessoa satirizada, e muitas vezes, são utilizados até palavrões. O nome da pessoa satirizada pode ou não ser revelado.

Ilustração do século XIII
Exemplo de Cantiga de Maldizer:
Ai, dona fea (feia), foste-vos queixar
que vos nunca louvo em meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos louvarei toda via;
e vedes como vos quero louvar:
dona fea, velha e sandia!(maluca) (…)

Prosa Medieval

A prosa literária teve um desenvolvimento mais tardio que a poesia e não apareceu até o século XIII, época em que adotou a forma de breves crónicas, hagiografias (*) e tratados de genealogia denominados “Livros de Linhagens”.
[(*) Hagiografia é um tipo de biografia, que consiste na descrição da vida de algum santo, beato e servos de Deus proclamados pela sua vida e pela prática de virtudes heróicas.]
O maior destaque da prosa medieval portuguesa são as obras denominadas “livros de cavalaria”, muitas delineadas em torno da “Demanda do Santo Graal” – um tema propagado por toda a Europa na altura.
Os romances ou novelas de cavalaria constituem verdadeiros códigos de conduta medieval e cavaleiresca. Costumam agrupar-se em ciclos, isto é, em conjuntos de novelas que giram à volta do mesmo assunto e movimentam as mesmas personagens. De carácter místico e simbólico, relatam aventuras consagradas à espiritualidade cristã e subordinam-se a um ideal místico, que sublima o amor profano. Estas narrações cavalheirescas, ainda que desprezadas pelos homens cultos nos finais da Idade Média e do Renascimento, gozaram do favor popular da altura, e tornaram famosas as intermináveis sagas de “Palmeirim”, em Portugal ou de “Amadis de Gaula ” em Espanha, considerados os melhores romances medievais de cavalaria da Península Ibérica, os quais Cervantes admitiu, ter ido buscar inspiração para escrever, mais tarde, a sua obra-prima “Dom Quixote”.
Ilustrações de Palmeirim e Amadis de Gaula, respectivamente
Ilustrações de Palmeirim e Amadis de Gaula, respectivamente
Cavaleiros com a insígnia da Coroa Portuguesa, representando a Batalha de Aljubarrota.
Cavaleiros com a insígnia da Coroa Portuguesa, representando a Batalha de Aljubarrota.
No final do século XIV, inicia-se uma nova etapa na literatura portuguesa. Nessa época, os Reis continuaram ligados à criação poética, mas estenderam-se para além da poesia e iniciaram-se também na prosa. O Rei D. João I, por exemplo escreveu o “Livro da Caça”, e seus filhos D. Duarte I e Pedro, Duque de Coimbra compuseram os chamados “tratados morais”.
Foi também nessa época que se iniciou a proliferação das “Crónicas” de Reis e heróis.
A tradição cronística portuguesa começou oficialmente com Fernão Lopes, que compilou as crónicas dos reinados de D. Pedro I, D. Fernando I e D. João I, combinando a paixão pela exactidão com uma especial destreza para a descrição e o retrato; mas antes dele já um escriba anónimo tinha contado a história heróica de Nuno Álvares Pereira na Crónica do Condestável, algo que lhe pode ter sido fonte de inspiração.
Gomes Eanes de Zurara, que lhe sucedeu no posto como cronista oficial é igualmente um historiador bastante fiável, cujo estilo, no entanto, está afetado pelo pedantismo e a tendência moralizante. O seu sucessor, Rui de Pina, evitou estes defeitos e ofereceu um relato se não artístico, pelo menos útil, dos reinados de D. Duarte, D. Afonso V e D. João II. A sua história do reinado deste último monarca foi, também, reutilizada pelo poeta Garcia de Resende, que a enfeitou com episódios vividos por si, em primeira pessoa.
 Thamie